20 de jul. de 2010

2010 - ANO SANTO COMPOSTELANO.


História do Ano Santo.

De acordo com o presidente da Associação Amigos do Caminho de Santiago de Compostela, Danilo Tiisel, para compreender a origem e a importância do Ano Santo, comemorado este ano, é preciso conhecer o contexto histórico e religioso dentro do qual foi instituído. "No ambiente cultural e social da Idade Média européia, sob a onipresente influência da Igreja, a consciência do pecado e a necessidade de se liberar de culpas eram sentimentos mais concretos e importantes para a população do que são hoje em dia", diz.
O Ano Santo Romano ocorre a cada 50 anos. Já o Ano Santo Compostelano, em intervalos variáveis (geralmente 5, 6 ou 11 anos). Os dois coincidiram pela última vez em 1700 e a próxima, só em 2100
Na época medieval, a Igreja concedia indulgências, isto é, o perdão dos pecados, em algumas situações. Recebiam o perdão, por exemplo, os fiéis que participavam das Cruzadas e os que ajudavam a construir um templo religioso. Também eram absolvidos os pecados das pessoas que peregrinavam a um santuário (a pé ou a cavalo) para cultuar as relíquias de um santo. Entretanto, havia algumas bulas papais que permitiam a pessoas de classes mais altas enviar alguém para peregrinar em seu lugar. Obtinham, dessa forma, perdão por procuração, sem realizar a caminhada.
O papa Calixto II elevou a cidade de Santiago de Compostela à dignidade metropolitana (sede de um arcebispado) e, em 1119, concedeu à Catedral de Santiago o privilégio do Jubileu Pleníssimo ou Ano Jubilar, mais conhecido como Ano Santo. Calixto II tinha importantes vínculos com a Espanha: era cunhado de dona Urraca, influente e poderosa rainha de León e Castela. Ela era filha do rei Afonso VI e mãe do rei Afonso VII, dois monarcas que apoiaram muito as peregrinações a Compostela.
Além de conceder o Jubileu, o papa declarou a Peregrinação Compostelana como uma das chamadas peregrinações maiores, com as de Roma e Jerusalém (cujos peregrinos eram chamados, respectivamente, de romeiros e palmeiros). O primeiro Ano Santo, no qual foi concedido o perdão aos peregrinos de Compostela, foi o de 1126.
O papa Alexandre III, em 1179, decretou perpétuo o Jubileu de Santiago de Compostela. O objetivo foi prestigiar o santuário e proporcionar aos fiéis um meio de obter perdão. Em 1332, o papa João XXII, em Avignon, editou uma bula concedendo indulgência também às pessoas que ajudassem os peregrinos com hospedagem ou esmolas.
É considerado Ano Santo Compostelano todo aquele em que 25 de julho, dia do martírio de São Tiago, cair em um domingo. Além desses, em ocasiões especiais, pode ser declarado um Ano Santo Compostelano extra, como ocorreu, por exemplo, em 1885 e 1938.
O Ano Santo Compostelano, portanto, não só é mais freqüente como é mais antigo que o conhecido Ano Santo Romano, decretado pela primeira vez em 1300. Tradicionalmente, no Ano Santo Romano ficam suspensas as outras indulgências não ligadas diretamente a Roma. Porém, por sua importância, a única indulgência que jamais é suspensa é aquela relacionada à peregrinação a Santiago de Compostela.

6 de jul. de 2010

O PAI DE TODOS NÓS!


Ousamos dizer "Pai Nosso"!
Isso, ao mesmo tempo que é uma alegria, é uma imensa responsabilidade.
Jesus nos revela que Deus é Pai de todos e por isso é nosso Pai. Sua paternidade se estende igualmente a todas as criaturas, sem exceção. Em Jesus Cristo também somos irmãos e irmãs reciprocamente. Quem crê em Deus reconhece e valoriza os outros na sua dignidade de criaturas de Deus. Quem diz a Deus "PAI" tem que dizer ao outro "IRMÃO", "IRMÃ". Formamos todos e todas a grande família de Deus, onde o amor é o princípio, a lei, o dom que salva e alegra a vida.

O seu Reino é invocado, “Venha a nós o teu Reino”, e corresponde aos anseios mais profundos do coração humano. É para todos, mas destina-se preferencialmente aos excluídos, pobres, pecadores e a todos os que sofrem e são oprimidos, porque como em toda a família onde reina o amor, os mais frágeis sempre são alvo de maior atenção, cuidados e carinho. O Reino se realiza na vida de cada pessoa, nas relações interpessoais e na sociedade como um todo, na sua estrutura e organização, e na salvaguarda da natureza, criada para a glória do Senhor.
Para que o Reinado de Deus se manifeste na nossa vida, pedimos a vida plena para todos, simbolizada no “pão nosso de cada dia”. O pão que é nosso porque é de todos, deve ser partilhado solidariamente com todos os irmãos e irmãs. O pão que deve ser provido com generosidade também para os milhares de pessoas que são martirizadas pela fome, neste mundo de fartura e desperdício.
O perdão generoso de Deus e o nosso perdão resgatam a dignidade humana ofendida e humilhada. Não há verdadeira paz sem a dinâmica da reconciliação. Pedimos, portanto, a reconciliação com Deus e com os outros, colocando a nós mesmos como medida de perdão, ou seja, perdoando cordialmente o irmão e a irmã que estão em débito conosco e recebendo o perdão daqueles a quem ofendemos. Sem este perdão mútuo temos barreiras muito grandes para vivermos a verdadeira fraternidade.
Imploramos, enfim, a ajuda divina para não cairmos na tentação e nem consentir no mal. Suplicamos a força divina e dos irmãos(ãs) para sermos libertados do mal e de todas as suas conseqüências, muito concretizadas no nosso dia a dia, particularmente na corrupção, na injustiça social e em todas as formas de escravidão.
É importante também perceber que nossa dignidade humana está ligada à valorização que merece toda a criação. Na origem, a dignidade era um atributo dos poderosos, aos quais os que estão a eles submetidos deviam todo o respeito e mesmo a submissão. A isso se acrescentou, aos poucos, a escravização dos mais fracos, e também da natureza, aos caprichos dos poderosos e às exigências do lucro. No conceito cristão, porém, a dignidade humana decorre de uma ótica de fé, isto é, do lugar central e eminente em que Deus nos colocou na criação, não em função de nosso orgulho, mas com a missão de cultivar, guardar, promover a maravilhosa obra do Senhor. É também na nossa relação com a natureza que mostramos a nossa dignidade. Como filhos e filhas de Deus e cidadãos(ãs) do universo somos chamados a valorizar e a cuidar bem de tudo o que Deus cria. A natureza é o espaço onde nossa vida se desenvolve com dignidade. Ela deve ser conservada íntegra para que todas as gerações vivam num ambiente sadio. Hoje é cada vez mais clara a consciência de que a voracidade humana está destruindo a natureza e que sem uma retomada urgente do carinho humano para com a terra, nem ela e nem nós poderemos ter futuro.
fonte: CNBB