O PENSADOR, DE AUGUSTE RODIN
Para que o mundo precisa de filosofia, se tudo já está tão bem pensado e tão bem encaminhado? Para que problematizar o já resolvido? Temos que pensar de acordo com o que vivemos, ou seremos atropelados pela vida! Quem disse que temos o direito de viver de acordo com o que pensamos? Para que isso fosse possível, precisaríamos, antes, pensar! Mas para que pensar, se as prateleiras do supermercado da vida nos oferecem tantos pensamentos já tão bem elaborados e tão bem acabados? A menos que estes pensamentos que compramos prontos não estejam assim tão bem elaborados e tão bem acabados, mas sejam erguidos tendo como bases, erros como o preconceito, e estejam revestidos por enganos, derivados da ignorância. Mas não temos tempo para pensar nessa possibilidade, pois temos que seguir em frente, no ritmo ditado pelo mundo, ou seremos engolidos por ele.
Mas não seria melhor se saíssemos dessa correnteza e deixássemos que o rio selvagem da vida moderna seguisse sem a nossa presença, ao menos pelo tempo necessário para que pudéssemos pensar se estamos seguindo o nosso próprio caminho ou o caminho dos outros? Mas temos medo de ficar para trás e de, depois, não conseguirmos alcançar aqueles que seguiram na correnteza. Mais uma vez, não podemos nos dar ao luxo de tirar um tempo para pensar se estamos vivendo de acordo com o que pensamos ou se estamos apenas pensando em função do que estamos vivendo, se é que, pelo menos nessa direção, estamos mesmo, pensando.
Acabamos aceitando que o rio nos diga que somos seixos rolados e que, por isso, devemos ser levados pela correnteza como todos os outros seixos rolados, sendo assim, moldados pelos caminhos e tropeços que a correnteza nos causa, pois aceitamos os pensamentos prontos que nos são propostos.
Quem se conscientiza de que tem o direito de se afastar um pouco da correnteza da vida e tem a coragem de sair deste rio caudaloso e, da terra firme que permite o pensamento, analisa com senso crítico se aquele seixo rolado em que o rio da vida o está querendo transformar de fato corresponde ao seu eu ideal, provavelmente terá um grande choque, pois perceberá que é, potencialmente, muito mais do que aquilo em estava se transformando. E a terra firme, neste caso, não é a margem do rio, mas as terras mais altas, de onde se tem um distanciamento suficiente para que se obtenha o foco ideal para a observação dos problemas e dos acontecimentos.
Não pensemos apenas em como alcançar os objetivos, mas pensemos sim, no porquê e, principalmente, para que querermos alcançá-los, pois só assim poderemos saber se estes objetivos são realmente nossos e se estamos, de fato, vivendo de acordo com a nossa subjetividade, pois como nos mostra o filósofo Eduardo Prado de Mendonça em seu livro O mundo precisa de filosofia, viver é ter a consciência de construir a própria vida.
Marcio Tadeu Cardoso
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