Qual o sentido da dor humana? Para onde é orientada? Por que o sofrimento? Questões como estas trazem um profundo apelo do ser humano em busca do sentido do viver. Milhões de pessoas padecem toda sorte de dores. Neste momento, em que os olhos do prezado irmão repousam sobre esta reflexão, a estatística mundial contabilizou mais de 6 milhões de mortes apenas ao longo do início de ano até o dia de hoje. Nas cidades uma multidão imensa de pessoas povoa os hospitais em busca de tratamento para suas mais diversas doenças.
O Papa, em sua mensagem para o 16º Dia Mundial do Doente, ensina: “Se todos os homens são nossos irmãos, aquele que é débil, sofredor ou necessitado de cuidado deve estar mais no centro da nossa atenção, para que nenhum deles se sinta esquecido ou marginalizado.”
Zelar dos que se encontram adoecidos constitui um gesto profundamente humano e, ao mesmo tempo, revelador da vocação humana ao amor. Na pessoa do irmão doente se contemplam as dores das chagas do Crucificado: “Todas as vezes que fizerdes isso ao menor dos meus irmãos, é a mim que estareis fazendo” (Mt 25,35).
A reflexão acerca do sofrimento humano, a partir do sentido teológico do sofrimento de Jesus Crucificado, é uma das mais profundas urgências espirituais de que o mundo moderno necessita. Há uma tendência a compreender que a dor constitui algo que deva ser afastado, a todo custo. O grande sonho do ser humano é viver absolutamente imune a qualquer sofrimento. Falta-nos uma compreensão mais aprofundada sobre o sentido do sofrimento humano e a experiência transcendental que ele traz para o ser humano, não obstante o necessário esforço por superá-lo.
A doença é uma experiência profundamente humanizadora do ser humano, desde que acolhida na fé. As debilidades físicas educam para o sentido transcendental da vida humana, sinalizam para o desejo por Deus, abrem no ser humano as portas para que somente Deus lhe baste. Na mensagem, Bento XVI afirma: “O Filho de Deus sofreu, morreu, mas ressuscitou e, exatamente por isso, aquelas chagas tornam-se sinal da nossa redenção, do perdão e da reconciliação com o Pai”. Tornam-se, ainda segundo o magistério papal, um “banco de prova” para a nossa fé, já que para o ser humano quão difícil é aceitar e suportar o sofrimento.
Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem, cura as chagas e as dores do mundo. Na Bíblia, as curas são precedidas por um profundo ato de fé – por uma adesão sincera do coração da pessoa que a busca – em Cristo. Quando olha para os sinais presentes nas mãos do Crucificado, Tomé vê-se curado da cegueira espiritual e proclama: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28).
Na mensagem Urbi et Orbi para a Páscoa do ano de 2007, o papa já disse: “Somente um Deus que nos ama a ponto de carregar sobre si as nossas feridas e a nossa dor, sobretudo a dor inocente, é digno de fé.”
A mensagem anima os doentes a serem testemunhas de Cristo por meio do sofrimento que experimentam e da fé que professam. A Paixão e a Cruz de Jesus, que aparentam ser uma negação da vida, pelo contrário, são a expressão mais elevada e mais intensa do amor de Deus e a fonte de onde brota a vida eterna. Cada doente precisa contemplar a Cruz de Cristo, num ato de profunda espiritualidade, do leito ou do lugar onde se encontra, deixando-se iluminar por ela e encontrando no Crucificado o sentido da estreita participação de si próprio no mistério do amor redentor do Pai. Por Cristo e em Cristo, pela Sua dolorosa Paixão, Deus Pai abraça com piedoso amor o mundo inteiro.
Vivendo na fé e na espiritualidade a experiência da dor, superando-a segundo o querer de Deus, a pessoa se abre a um profundo encontro com aquele donde procede a vida e toda a misericórdia.
Que a Santa Mãe de Deus, Nossa Senhora de Lourdes, padroeira dos doentes, apresente a Cristo todos os doentes que a Ele clamam pela saúde física e mental.
Dom Washington Cruz, CP - Arcebispo metropolitano de Goiânia
Fonte: CNBB
outro ingual a ti SENHOR nao ha....
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