Estamos ouvindo nestes domingos de julho a leitura da série de parábolas mais significativas sobre o reino dos céus narradas por São Mateus. Neste domingo, ouviremos as três últimas: do tesouro, da pérola e da rede de pesca, lidas em Mateus 13,44-52.
Quem descobriu um tesouro escondido num campo e encontrou por aí uma pedra preciosa não tem dúvida alguma senão optar decidida e radicalmente por adquirir esse tesouro e essa pérola, custe o que custar, e entregar-se totalmente nessa tarefa investindo tudo o que tem para se apossar deles, o mais rápido possível, antes que outros o façam passando-lhe à frente. Sabedoria e discernimento são as duas atitudes básicas que Jesus pede a seus ouvintes. Pois, o reino de Deus, exatamente por ser mistério oculto, precisa da boa vontade e do empenho para ser descoberto e recebido, à semelhança do tesouro escondido e da pérola rara, difíceis de serem achados. O tesouro e a pérola do reino não são dados unicamente a predestinados e sortudos da vida. São ofertados a todos. Mas o reino é graça e dom de Deus somente acolhidos, como diz Jesus, por quem têm ouvidos que ouvem e olhos que vêem, isto é, por quem anda pela vida faminto e sedento da Palavra de Deus, da descoberta do sentido da vida, da justiça e do bem.
Supliquemos a Deus essa sabedoria e discernimento do Espírito para andarmos sempre atentos pelos caminhos da vida de tal modo a descobrirmos os tesouros e as pedras preciosas que ela nos oferece. Igualmente, peçamos esses dons do Espírito – opção radical e entrega total – para ajuntarmos cada vez mais tesouros e pérolas que valem para a eternidade. Desta forma poderemos corresponder ao que Jesus, em outra ocasião, recomendou a seus discípulos: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e o caruncho corroem e os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros no céu...; pois onde está teu tesouro, ali está também teu coração” (Mt 6,19-20).
Na parábola da rede de pesca, Jesus nos convida a discernir e a escolher entre os peixes bons (pedras preciosas) e os que não prestam (pedras falsas), e que se encontram misturados na rede da vida. Uma orientação a ser adotada durante nosso viver. Pois é sempre bom de quando em quando fazermos um balanço da nossa vida, ficando com o que é bom e jogando fora o que não presta. Mas Jesus se refere também ao fim dos tempos, por ocasião do juízo final, quando se dará a separação entre o joio e o trigo, ou seja, entre os justos e os maus, segundo a parábola lida no domingo passado. Pois, na maior parte das vezes devemos caminhar pela vida levando pacientemente um fardo, que é pesado, porque vêm misturadas com as coisas boas (trigo) muitas coisas más (joio). E Jesus, por suas parábolas, insiste em nos dizer que os mistérios do reino de Deus e os seus dons só poderão ser decifrados e adquiridos durante nossa caminhada pela vida afora que não nos permite a impaciência, o pessimismo e a desesperança, mas exige de nós vivermos sob a guia e a sabedoria que vem do Alto e no impulso do dinamismo do Espírito, que faz novas todas as coisas.
No final do Evangelho, Jesus perguntou aos discípulos: “Compreendestes tudo isso? Eles responderam: Sim.”
Então, não há outra alternativa senão fazermos uma opção radical pela causa do reino de Deus e uma entrega total para adquiri-lo, desde aqui e agora.
Então, não há outra alternativa senão fazermos uma opção radical pela causa do reino de Deus e uma entrega total para adquiri-lo, desde aqui e agora.
Dom Caetano Ferrari - Bispo de Bauru, SP.