Para finalizar este Mês Missionário, relato a inesquecível e rica experiência que tive há poucos dias.
O dia 17 de outubro foi o Dia da Missão de Evangelização na Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Pindamonhangaba. Todos nós, mais de 100 representantes de pastorais e movimentos, nos reunimos para levar a Palavra de Deus às famílias das comunidades urbanas e rurais da paróquia.
Como missionário leigo, fui com mais 19 pessoas a uma das comunidades rurais. Saímos em duplas para a missão, como manda o Evangelho de Jesus.
“Designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir. Disse-lhes: Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe.” (Lc 10, 1-2)
Eu e a Rose, que formou dupla comigo, visitamos 10 famílias. Ela é moradora da comunidade e conhece, pelo menos de vista, a maioria dos moradores, o que facilitou bastante o primeiro contato com as famílias. Mesmo assim, 4 famílias não nos receberam. Um senhor nos disse que estava indo tratar dos animais, outro foi ver se alguém poderia nos atender e não voltou para dar a resposta, outras pessoas estavam de saída... Mas as 10 famílias que nos receberam foram muito acolhedoras. Trocarei os nomes para preservar a privacidade das pessoas, mas as histórias são totalmente verdadeiras. Dona Joana foi a primeira pessoa que visitamos. Ela é uma senhora viúva, com 75 anos de idade, bem-humorada e de bem com a vida! Apesar de morar em uma casa muito simples, bem pequena e sem forro, quando a Rose lhe perguntou se tinha alguma necessidade ela respondeu que estava muito bem, que o marido a havia deixado com o suficiente para viver bem e que ela até havia feito recentemente uma viagem de caminhão a Minas Gerais, a passeio, a um custo de R$300,00. Realmente muito simpática, a Dona Joana! Mas nem todas as visitas foram tão alegres assim. Fomos à casa do Sr. Carlos, que foi atropelado por um motoqueiro. Ele bateu a cabeça, quebrou o fêmur e está na cama há 3 meses. A sua esposa ficou emocionada no início das orações e quase chorou. A sua vida tem sido bastante difícil diante da situação do seu marido. Mas, aos poucos, ele está se recuperando, na Graça de Deus. Como em todas as casas onde havia pessoas passando por algum problema sério, a Rose leu Palavras de conforto e confiança, cuidadosamente escolhidas, da Sagrada Escritura. Fomos também à casa do Sr. Antonio, que não vê o irmão há 5 meses. O seu irmão viajou a passeio a Minas Gerais e não deu mais sinal de vida. Outro problema desta família é o alcoolismo dos filhos. A mãe, Dona Maria, disse que não sabe mais o que fazer. Disse que reza muito pela solução desse problema, mas que já está desanimando, pois os filhos não aceitam ajuda para sair dessa situação. Dissemos a ela que é preciso perseverar na oração e não desanimar jamais. Citei o exemplo de Sta. Mônica, que rezou durante 33 anos pela conversão de seu filho, Sto. Agostinho. E que resposta maravilhosa Deus mandou às orações de Sta. Mônica! Esta família foi realmente muito acolhedora. O Sr. Antonio nos convidou para ficar mais tempo, mas agradecemos e seguimos para outra visita. Fomos recebeidos também pelo Sr. Fernando, que se mudou para o bairro com a família há pouco mais de 1 mês. Quando fui aspergir os quartos da casa com a Água Benta, ele me acompanhou e aproveitou para desabafar toda a angústia que tem guardado dentro de si. Ele me contou que morava com sua família em um bairro da área urbana da cidade, quando alguns bandidos invadiram sua casa e tentaram praticar um assalto, mas foram impedidos por ele. Diante disso, juraram vingança e ameaçaram fazer algum mal à sua filha de 5 anos. Ele então não teve opção, senão se mudar com a família para um local bem distante. Por conta do problema, entrou em uma crise emocional que o está levando a um quadro de depressão. Como, durante a conversa, ele já havia dito que costumava praticar esportes antes do ocorrido, incentivei-o a retomar essa prática, ressaltando que a atividade física ajuda a pessoa a recuperar a sensação de bem-estar. Eu e a Rose também insistimos para que ele participasse com a família das Missas e das atividades da comunidade. Tenho certeza de que a Paz do Senhor ficou com aquela família e também com todas as outras que nos receberam de forma tão acolhedora, pois como disse Jesus, “em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós.” (Lc 10, 5-6)
E que água fresquinha bebemos na casa do Sr. Fernando! É, o calor estava forte! A Missão naquele domingo foi cansativa para o corpo, mas o descanso do espírito foi infinitamente maior! Foi um domingo abençoado!
Dom Bosco dizia que “é Deus quem quer agir. E nós devemos suplicar-lhe que tenha a bondade de servir-se de nós para seus projetos”. E Deus teve sim, a bondade de servir-se de todos nós que participamos dessa missão para, através de nós, Ele mesmo anunciar a Sua Palavra e derramar as Suas Bênçãos sobre os nossos irmãos, que como todos nós, também buscam a Paz do Senhor!
“Esta é a ordem que o Senhor nos deu: ‘Eu te constituí como luz das nações, para levares a salvação até os confins da terra’.” (At 13,47)
E a missão continua!!!